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A bolha brasileira era financeira e acaba de estourar

06/10/2012

Mais uma noticia desfavorável ao Setor da construção civil no que tange ao desempenho de mais uma de suas representantes de capital aberto.
Matéria publicada no Valor de 05 de outubro informa que “Com 49 dias de prazo na apresentação do balanço do segundo trimestre, a Rossi Residencial divulgou, no fim da noite de quarta-feira, uma revisão dos dados do resultado prévio do período, entregue em 15 de agosto. O novo balanço teve alterações em praticamente todas as linhas contábeis e ainda não passou pela auditoria independente, assim como a prévia apresentada há um mês e meio.”
As mudanças na contabilidade foram exigidas pelo escritório de auditoria Deloitte, que substituiu a Ernst & Young Terco. As novas regras contábeis abrangeram os últimos três anos e embora tenha virado o prejuízo líquido do segundo trimestre de 2012 , de R$ 9,06 milhões, para lucro de R$ 51,3 milhões, “com alta de 85,2% em relação ao mesmo período de 2011 – com dados também revisados.”, fizeram com que fossem estornados uma quantia substancial do lucro em anos anteriores e desta forma o patrimônio líquido “de R$ 2,79 bilhões na prévia de agosto, caiu para R$ 2,075 bilhões, queda de 25%.”Em outras palavras a empresa se desvalorizou em R$ 700 milhões.
Como a Rossi já havia anunciado aporte de R$ 500 milhões de reais no caixa, os analistas esperavam que este seria o valor máximo de prejuízo a anunciar, para piorar “como as dívidas foram ajustadas para cima e o patrimônio líquido para baixo… a alavancagem (endividamento líquido sobre patrimônio líquido).% subiu de 108% para 148,5.”
A relevância da noticia é tanta que o Valor, de forma pouco comum ao menos para este setor, publicou no mesmo dia e na mesma página a opinião de dois especialistas sobre o assunto.
Fernando Torres entende que apesar de nao ter sido uma ação expontânea como a que deve nortear as empresas inseridas no Novo Mercado, seguidoras dos principios da governança corporativa, “Tudo indica que não foi a Rossi que escolheu mudar suas práticas contábeis. Afinal, ter de republicar balanços não é algo desejável para nenhuma companhia. Se ela fez isso, portanto, foi por conta de pressão do auditor. ” Entende que daqui para a frente tudo pede ser diferente “Fazendo o ajuste retroativo, quem olhar o passado verá que as margens da empresa não eram tão boas quanto pareciam. Mas passado é passado. Daqui para frente, chamarão mais atenção as novas margens que serão divulgadas.”
Nelson Niero entende que o marco que se deve comemorar com a noticia da Rossi ê outro “Não se sabe ainda. E não adianta procurar respostas na bolsa, na Comissão de Valores Mobiliários, no Comitê de Pronunciamentos Contábeis, no Instituto dos Auditores Independentes, no Sindicato da Habitação, na Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor. Por enquanto, vamos nos contentar em saber que a bolha estourou. Acabou a folia contábil imobiliária.”
O artigo de Nelson é bastante crítico quanto ao comportamento da Rossi, por exemplo chama a atencao de que o o auditor nem sequer fez uma ressalva ao balanco, foi pior pois se absteve, isto depois de 50 dias de atraso para o anuncio.
O que um leigo no assunto depreende do conteúdo do artigo de Nelson Niero é que a Rossi não se pautou pelos princípios da ética necessários a quem está inscrita no nível mais elevado do mercado de acões, denegrindo tanto a sua imagem como a de todo o setor. Vale a pena ler o artigo..

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