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Minha história para a Brasília de 62 anos

20/04/2022

Querem saber de algo bem autêntico de Brasília nos anos 1970 e 80?! Aguardar ansiosamente o Correio Braziliense do dia seguinte à divulgação da lista dos que passavam no vestibular da UnB.

O diretor do filme Eduardo e Mônica rende homenagem ao momento na cena em que destaca a página do jornal com o nome completo do Eduardo e a conquista , o curso de engenharia civil .

Engenharia civil oferecia 30 vagas por semestre , a concorrência não era tanta quanto na de medicina da Mônica, mas exigia boa nota , só havia na UnB e longe naquela época era um lugar que não existia, a maioria dos jovens da Brasília tentavam a sorte por aqui , não recorriam a outras cidades.

Eu fiquei sabendo que tinha passado ouvindo a rádio Planalto. O locutor passava, ao vivo, toda a lista na ordem alfabética ! Dois mil nomes , embatucou no Klavdianos , mas com Dionyzio Antonio Martins já dava para saber que entraria, amém…

Todo o ano o mesmo ritual, num dia a lista pregada nas paredes do minhocão, no seguinte a divulgação nas páginas do Correio e no outro , no Correio de novo , as propagandas do colégio objetivo com a fotografia dos cabeções. A foto do Andrezinho lá , o mais jovem calouro de engenharia civil a passar na UnB…15 anos de idade .

Eu e ele tínhamos algo especial em comum, ambos havíamos nascido em Brasília. Ter como amigo na UnB alguém genuinamente brasiliense era raro, o grosso da turma era uma miscelânea de goianos, mineiros e paulistas do interior, mais uns tantos nordestinos e oriundos de famílias transferidas para Brasília, nacionais ou internacionais (embaixadas), civis ou militares (vários).

Dava bom caldo , poucos conseguiam vagas nos alojamentos do CO (centro olímpico) , a maioria dividia apartamentos alugados nas 400 da asa norte, perto da UnB, carro próprio era luxo e a comida do bandejão gostosa (exagero talvez, mas nunca abri mão desta opinião!), boa, barata, nutritiva e balanceada, além de ficar aberto à noite e aos finais de semana , diga-se de passagem o bandejão e a biblioteca , também homenageada no filme.

Com tanta gente morando fora , aos finais de semana, ao menos os prolongados , quando a turma ia ver a família, a universidade se tornava um ermo. Todo o ano organizávamos o CAFATEC ( campeonato das faculdades de tecnologia); agronomia e florestal, civil , elétrica e mecânica. Tínhamos um diretor de esportes organizado quando presidi o Centro Acadêmico, o Marcelo Oliveira, que morava em Goiânia, quando seu time não jogava na rodada do final de semana, não havia quem o segurasse aqui , me entregava as tabelas prontas com antecendência e partia para enfrentar as 7 curvas da BR 060, nunca duplicada até então, apesar do tenebroso número de acidentes fatais, para encontrar a Ana Cristina , como a Mônica primeira namorada e parceira até hoje .

Marcelo tinha pressa em se formar , fazia ao menos 30 créditos por semestre e concluiu o curso em 5 anos… eu gostava demais da UnB, me envolvia com movimento estudantil e demorei 6 , o Andrezinho atrasou mais ainda , passou num concurso pra inspetor da receita federal e precisou se dividir. Com seu atraso, tenho pra mim que deva ser o primeiro engenheiro civil nascido e formado em Brasília. Entra presidente do CREA sai presidente do CREA conto pra eles essa história , prometem pesquisar nos arquivos do conselho , mas acabam deixando de lado…

A bonita festa em homenagem aos 25 anos da inauguração do Brasília shopping ocorreu no terraço do prédio e o acesso até lá se dava através de um elevador de cremalheira, igual à cena final do Eduardo e Mônica, o vernissage dela ocorre numa obra. Será que veio do filme a inspiração? Gicelene ficou apreensiva ao entrar nele, lembrou de quando andou num pela primeira vez , aliás no primeiro elevador de cremalheira instalado numa obra em Brasília, num prédio que construímos em Águas Claras.

Vista lateral do pórtico da fachada do Brasília Shopping

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2 Comentários
  1. Parabéns Dionyzio. Belo artigo.

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